O ano passado por esta altura estava eu em preparação psicológica e física para tentar cumprir a promessa feita há já tantos anos à Nossa Senhora de Fátima.
Andei anos a planear, mas ou estava a trabalhar e não era possível tirar férias, ou os meninos eram pequenos e não conseguia deixá-los para cumprir uma tarefa que eu pensava ser dura,difícil e inclusive talvez nem tivesse capacidade física de a realizar numa só tentativa.
Assim, só ao fim de 14 anos, decidi que reunia as condições ideais para cumprir a promessa a que me tinha proposto.
O problema é que não conhecia nenhum grupo, não tinha amigos/as nas mesmas circunstâncias.
Mas, coloquei no face uma pergunta (conhecem algum grupo que vá em peregrinação a Fátima em Maio?)
Em segundos responderam-me.
Um rapaz, que conheci miúdo e que me falou do grupo com quem fazia há anos a peregrinação.Disse-me que ia sem promessa porque gostava tanto que fazia questão em ir sempre. Deu-me as indicações e nesse mesmo fim de semana, fui pagar a inscrição e saber como tudo funcionava.
É um grupo que existe há anos e faz a peregrinação com horários, itinerários,tudo muito bem definido.
Há vários restaurantes e empresas que apoiam este grupo e as refeições são oferecidas, os locais onde se pernoita são também também cedidos bem como balneários e pavilhões.
Este grupo reúne já mais de 200 peregrinos e mais de 10 carros, 2 camiões (que transportam as malas, os colchões, as mantas de cada um).
Há vários voluntários, que vão para ajudar na preparação das refeições, massagens, e alguns caminham ao lado de quem vai mais desesperado, desanimado, dorido e precisa essencialmente de uma voz amiga que ajude a ultrapassar as dificuldades que vão surgindo.
Domingo à meia-noite quando cheguei ao local combinado para o encontro, estava o salão cheio.
Rezamos, cantamos, houve até um momento de brincadeira, que deu o alento necessário para a nossa partida.
Ainda não tínhamos iniciado a peregrinação já eu chorava (envergonhada e contida) porque senti-me tão sozinha!
Ali, sem conhecer ninguém, sem saber se conseguiria ter forças para tal empreitada,sem ter alguém para me ajudar quando me sentisse desanimada. Cada um pelo seu motivo, partimos quase todos com as lágrimas como companhia.
Mas, em poucos minutos, e porque éramos muitos fomos formando a fila indiana e começamos a conversar com quem ia ficando ao nosso lado.
Assim, ao fim de pouco tempo encontrei o grupo que me acolheu e me ajudou (tanto) que consegui cumprir a minha promessa. Tenho que agradecer especialmente a essas pessoas. Sem nomes,porque não é preciso, se lerem sabem exatamente quem são.OBRIGADA.
Para mim foi uma grande experiência de vida, por apenas 35euros OS PEREGRINOS DE ESPINHO organizou-nos uma peregrinação com comida, banho, dormida.
Tivemos muita ajuda psicológica de voluntários e uns aos outros,já que cada um por seu motivo,tinha o mesmo objectivo. Ao dar alento aos outros também ganhamos para nós mesmos.
Se foi fácil????
Não, nem pensar.
Foi realmente um caminho longo, difícil, árduo, inexplicável. Porque há situações que só são possíveis de entender quando experenciadas, também porque cada um sente à sua maneira.
Acordávamos ás 2 da manhã, e depois do pequeno almoço,reuníamos ás 3 da manhã, em dois grupos, e começávamos a caminhar a rezar o terço.
Estas primeiras horas ainda de noite eram muito difíceis.
Depois a conversa animava, fazíamos várias paragens, encontrávamos outros peregrinos e quase sem dar por isso, com (muitos medicamentos para as dores,muitas massagens com reumon) lá seguíamos caminho até ao objectivo do dia.
Cada dia que chegávamos ao destino era uma batalha vencida, quase sempre com lágrimas de alegria misturadas com cansaço.
Mas, a chegada ao santuário é arrebatadora.
Eu sei que um dia vou repetir, vou querer voltar. Gostava muito de voltar como voluntária porque acho fantástico conseguir ter essa disponibilidade e vontade de ajudar ou outros e eu sei como é bom receber.
No entanto a vida com tantos obstáculos,tantas dificuldades, dá-nos motivos para fazer novas promessas.
Obrigada aos PEREGRINOS DE ESPINHO, sem eles nunca teria sido possível.
Quase a chegar a nova peregrinação desejo-lhes uma boa peregrinação.